sexta-feira, 20 de abril de 2012

Desacelerar




É um tal de crescer, conhecer o mundo, deixar as pessoas dar o significado a aquela imensidão de objetos que antes eram desconhecidos pra você, mas já existem e continuaram existindo independente da sua existe. É hora de engatinhar, de andar, de balbuciar, de falar, de entrar pra escola, de escrever, de morder o coleguinha, de bater no amigo, de pintar, de ler, de saber, de aprender matemática, história, geografia, português. É hora também de fazer ballet, futebol, inglês, italiano, porque quem sabe a língua materna apenas não é alguém importante. Fazer natação porque é necessário saber nadar pra não se afogar. Hora de ter muitos professores, de conhecer a física, a química, a biologia, estudar e não para de estudar. De passar no vestibular de imediato para não “ficar para trás”. É preciso estudar mais e mais, ler textos, artigos, publicar, fazer pesquisa, tirar boas notas, não conversar, anotar o que se fala em aula, estar atento, fazer estagio de 4,6, 12 horas por semana. Não se pode esquecer do tempo pra sair, para os amigos, para a família, para o trabalho que muitas vezes vai para a casa; para a faculdade, para o computador, para os jogos, para as lutas, para a academia, porque é necessário ter um corpo como a mídia impõe, porque ela nunca pediu, nunca discutiu com ninguém a formula da beleza e o que seria essa perfeição que diz ser real. É arrumar um trabalho bom para ser alguém na vida, e até hoje eu não entendi o que esse alguém significa. Você precisa fazer farra, aproveitar a vida, mas com moderação. Precisa encontrar a mulher/homem certa/o, que ainda não deram a formula certa, porque a que deram não existe, ninguém encontra, então para mim, não é real. Casar, ter filhos, para dar continuidade na família, trabalhar mais e mais para sustentar seus filhos, dar uma boa vida, sendo essa caracterizada por uma escola boa, alimentação, casa, carinho, amor, atenção, instrução. E assim mais tempo se foi. Com os filhos já casados agora sim é a hora de aproveitar o dinheiro da aposentadoria, mesmo velho, com dinheiro, sem energia e com o coração na mão da tamanha violência temporal a qual a cada instante somos submetidos. É a violência do tempo, aonde temos que correr e correr para no final nos perdemos no tempo com a morte, uma corrida que não é bem feita, ela é atropelada pelos momentos mais maravilhoso de nossa existência os quais não podemos aproveita-los em sua plenitude, pois já nascemos atrasados. Quem disse que deveria ser nessa ordem? Quem disse que precisamos entrar nessa corrida mundana? Quem é que dita as regras da sua vida e como você a rege? Você acredita que é você mesmo? Com a mídia ditando o que vestir, o que comer, qual roupa você deve ter, o que você deve ver, o que você deve ler, como o seu corpo deve ser. Ou até mesmos seus pais e familiares, regendo sua vida, os seus gostos, a sua vida conjugal, os lugares que você frequenta, o que gosta de fazer. E eu pergunto, aonde nesse espaço de tempo, nesse suspiro de existir você encontra um tempo para si? Para olhar para você, para a sua subjetividade, suas emoções seus conflitos, para sua vida, e assim, questionar o que você está vivendo e da forma que a está executando. Será que realmente você vive de escolhas ou o mundo escolhe por você e te dá como resposta a falsa idéia de ter o poder de decisão nas mãos, a famosa liberdade? Você é escolhido, aqui nós vivemos o eterno retorno, o retorno a algo que já viveram. O relógio continua a fazer o tic-tac, e você, vai fiar ai parado ou irá voltar para a corrida? 

Com amor,
O seu coração. 

J.

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